Curioso como o tempo, o espaço e as vivências nos moldam.
Sinto-me mais desempoeirada, solta, flexível e em sintonia com aquilo em que me tornei.
Nunca deixarei de ser curiosa, inquieta, crítica, exigente, perfeccionista e organizada.
Mas consigo levar a vida muito mais ao sabor de impulsos, de desejos momentâneos, longe da planificação, em parte castradora, de outros tempos.
Não raras vezes lanço desafios quase para ontem. Os meus amigos que o digam...
Porque a vida é para ser bebida com sofreguidão, com deleite, tendo ao longe o horizonte como meta, todos os dias deposto e reposto, acho.
Talvez ainda acredite no amor, no sonho de uma casita com jardinzinho à beira-mar, num S. Bernardo pachorrento e fiel amigo, num copo de vinho e num chocolate partilhados ao pôr-de-sol.
Nos momentos mais utópicos julgo ainda ser possível ser capa de revista, escrever para a UNCUT, tornar-me "groupie" e privar com lendas do rock and roll.
Sonhos com môfo, revisitados, "remasterizados", renovados.
Apesar de tudo, hoje sou feliz. Com o que tenho, com o que sinto, com o que vejo (medidas drásticas de contenção excluídas).
Em princípio de noite tempestuoso, só me apetece deixar embalar num clássico que tudo promete, ainda que em Casablanca...
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